A China está a aumentar significativamente as importações de petróleo de Angola em detrimento da Arábia Saudita.
A evolução das cotações internacionais está a levar os chineses a optar por fornecimentos de países que seguem como referência o Brent, como acontece com Angola, em detrimento da Arábia Saudita e da Rússia, que vendem o seu petróleo com base noutros indicadores de preço. A descida do Brent em relação a outros indicadores do mercado tem transferido os grandes consumidores para fornecedores que usam o Brent como referência para os seus preços.
Em Julho, a China aumentou em 41% as aquisições de petróleo a países africanos, para 6,51 milhões de toneladas (equivalentes a 47,5 milhões de barris), de acordo com estimativas divulgadas pela Thomson Reuters. A agência refere que a maior parte deste aumento teve como origem Angola, que em Julho terá exportado 3,4 milhões de toneladas para a China.
O reforço das vendas em Julho devolveu a Angola o estatuto de segundo maior fornecedor de petróleo à China, que tinha perdido para a Rússia no primeiro semestre do ano.
Segundo dados das alfândegas chinesas, as importações de petróleo angolano caíram quase 9% no primeiro semestre, para 19 milhões de toneladas, enquanto as de petróleo russo subiram quase 27% e as de petróleo saudita mais de 9%.
No ano passado, as importações de petróleo angolano pela China atingiram o valor mais alto de sempre – 806 milhões de barris –, enquanto as de petróleo saudita recuaram cerca de 9%, para 989 milhões de barris. A China é actualmente o principal parceiro comercial angolano e no ano passado o comércio entre os dois países atingiu 38 mil milhões de dólares.
Os contratos de fornecimento de longo prazo à China, sobretudo a partir de 2002, têm constituído uma almofada financeira para Angola, compensando a actual conjuntura de descida de preços.
Números compilados recentemente pela Reuters indicam que o financiamento da China a Angola, incluindo os créditos mais recentes, já ascende a 20 mil milhões de dólares, apoio que tem vindo a tornar-se cada vez mais necessário devido à quebra acentuada das receitas petrolíferas ao longo do último ano.
Nos últimos anos, as petrolíferas estatais chinesas têm vindo a adquirir participações importantes no mar angolano. Um dos maiores projectos em curso é a construção da nova refinaria do Soyo, que estará operacional em 2017 e que conta com a participação do China Internacional Fund (participado pela China Sonangol).
A nova refinaria terá uma capacidade de processamento de 110 mil barris diários de petróleo e produzir anualmente 44 500 toneladas de gás liquefeito de petróleo (GPL), 558 500 toneladas de gasolina, 20 700 de benzeno, 437 200 de combustível para aviões, 853 400 de gasóleo e 180 mil de petróleo iluminante, tornando Angola auto-suficiente em termos de consumos de gasolina e gasóleo. De acordo com dados oficiais do Ministério do Petróleo, Angola teve de importar cerca de 40% das suas necessidades de produtos derivados, como gasolina e gasóleo, no primeiro trimestre do ano, devido à reduzida capacidade de refinação do país.