Tomás Correia fecha venda de 31% do Finibanco Angola em viagem-relâmpago a Luanda

O ainda presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), Tomás Correia, fez este fim-de-semana uma viagem-relâmpago a Luanda para fechar a venda de 31% do capital do banco ao empresário angolano Mário Palhares. Depois desta operação, o Grupo Montepio passou a deter 51% do capital do Finibanco Angola, sendo o restante controlado por Mário Palhares, o presidente do BNI e que acaba de tomar uma posição no Banco Efisa.

A redução da posição do banco foi aprovada numa reunião da administração do Montepio Geral, em Março, e evita que a exposição da CEMG ao risco das operações angolana seja considerado a 100%, aliviando a pressão sobre os rácios de capital e disfarçando a insuficiência de capitais do banco. A venda retira também o Finibanco Angola da órbita da supervisão do Banco de Portugal, garantindo que dois dos actuais administradores e o próprio Tomás Correia, que estão sob o crivo das autoridades portuguesas, se posam manter em funções.

 

Tomás Correia partiu de Lisboa na quinta-feira à noite, do aeródromo de Tires, num avião privado pertencente ao banqueiro angolano Mário Palhares, e regressou a Lisboa na madrugada de Domingo.

O Finibanco Angola é uma das chaves do Caso Montepio.

A pista angolana do Caso Montepio passa por negócios cruzados entre os filhos de Tomás Coreia e Paulo Guilherme, filho do construtor José Guilherme, e abarca outros dossiers quentes, como o negócio da construção da nova sede do Finibanco Angola e os financiamentos a Paulo Guilherme para a compra de unidades de participação no Fundo que detém parte do capital da própria CEMG, numa operação circular proibida pelos reguladores do mercado e pelo supervisor da banca. Há também indícios de desvio de fundos, conforme o CONFIDENCIAL revelou há uma semana.

Em Lisboa, todas estas operações estão já sob a mira da Procuradoria-Geral da República, que confirmou ter recebido uma denúncia do Banco de Portugal e iniciado averiguações.

Afastado pelo Banco de Portugal da presidência da CEMG, Tomás Correia pretende manter o controlo do Finibanco Angola e já anunciou que vai recandidatar-se a novo mandato de presidente da Associação Mutualista que controla a maioria do capital do Montepio, tentando desta forma manter algum poder no Grupo e contrariar investigações internas aos seus actos de gestão.