Os cálculos do banco de investimento Goldman Sachs indicam que, com o objectivo de o país se tornar mais competitivo, depois da crise de 2012, os preços em Portugal deflacionaram-se em cerca de 35%. A Grécia viu os seus preços caírem cerca de 30%. Em França e em Espanha os preços desceram 20% e em Itália entre 10% a 15%.
É indiscutível que, pelo menos, os chamados países do programa de ajuda económica e financeira – isto é, os países que foram incluídos num programa de ajuda dos mecanismos de resgate europeus –, tiveram que cumprir com as medidas de austeridade e a população sofreu pesadamente os seus efeitos.
Mas é obviamente discutível o resultado final. Na Europa muitos acreditam que nem Itália nem Portugal tenham tido, durante a crise, uma “desvalorização real”. Espanha melhorou a situação do mercado de trabalho, resultado obtido em mais de 50% a partir da migração de pessoas desempregadas. “Só a Irlanda é que obteve resultados porque se depreciou em 13%.”
Com efeito, analisando a dimensão do deflactor do PIB e comparando o nível de preços nas economias nacionais, neste caso de países intervencionados da área do euro, em relação à média da Zona Euro como um todo, Portugal e Itália ficam especialmente mal, parecendo de facto que não houve efeitos na competitividade.
Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank, avaliou os custos unitários do trabalho (custos salariais por unidade produzida), e chegou a uma conclusão mais optimista. Apenas a Itália fica mal, sendo vista por alguns economistas como uma grande ameaça na próxima recessão. No momento actual, com o petróleo barato, o euro ainda apoiou a economia italiana. Mas o que acontecerá se a economia entrar em recessão novamente?
O ex-economista-chefe do DB, Thomas Mayer, ainda pensa que o euro não vai sobreviver a uma próxima recessão. Outros acham que isso é um exagero. Mas o director do instituto económico alemão ZEW, Fuest, alerta: “A capacidade dos países em crise para absorverem novos choques económicos é baixa.”
Andreas Hofert, o economista-chefe do banco suíço UBS, prevê mesmo que antes de 2018 a quarta crise grega estará aí: “E se ela até então não provocar tendências recessivas na Europa como um todo, provavelmente os outros países da crise registarão de volta riscos anteriores, e não será apenas a Grécia a precisar de respiração assistida.”