Litigância e crash chinês complicam venda do Novo Banco

O Banco de Portugal sofreu na semana passada dois sérios reveses no processo de Resolução do Novo Banco, com um Tribunal de Lisboa a defender que o banco terá de responder directamente por toda a litigância futura, e a descoberta de que a Resolução não respeitou o estipulado no Código do Processo Administrativo, o que poderá levar algumas partes prejudicadas pela Resolução a requererem a sua anulação.

Os dois factos apanharam os juristas do banco central desprevenidos e podem baralhar o calendário da venda, num momento em que a quebra nas Bolsas de Xangai e Hong Kong está a colocar problemas de liquidez aos três candidatos à compra.

É cada vez mais certo que o futuro dono do banco terá de responder pelas contingências futuras. A Goldman Sachs, que levou a litigância para Londres, de forma a escapar ás pressões do governo português, reclama 752 milhões de euros, num processo que é dado como ganho pelo banco de investimento. Américo Amorim, por seu lado, tem uma acçao contra o Novo Banco no valor de 180 milhões.

A onda de choque proveniente das Bolsas de Xangai e Hong kong provocou o atraso nas entregas das propostas para a aquisição do Novo Banco. Tal como o CONFIDENCIAL avançou há duas semanas, os chineses da Fosun e da Anbang perderam a sua pujança financeira e necessitaram de mais tempo para reunir as condições para aquisição do banco português. Chegou a estar em cima da mesa uma renegociação dos termos iniciais do negócio, todavia o Banco de Portugal manteve-se firme e preferiu adiar a conclusão e entrega final das propostas.

Perante este cenário, correu o rumor no mercado que o Fundo Apollo poderia beneficiar deste golpe nas empresas chinesas. Porém, o CONFIDENCIAL sabe que também o fundo norte-americano está exposto ao crash chinês e poderá inclusivamente colocar em causa a sua capacidade de investimento.