A lista liderada por José Félix Morgado para o Conselho de Administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), que será votada na Assembleia Geral agendada para a próxima quarta-feira, terá de ser alterada, por imposição do Banco de Portugal. O banco central tem 30 dias após a data de eleição dos novos administradores para se pronunciar sobre a idoneidade e as competências dos nomes que lhe forem apresentados, mas, apesar de ainda não haver nomeação formal, já fez um pré-escrutínio aos nomes apresentados.
Luís Almeida, administrador do Finibanco Angola, é um dos nomes a quem o Banco de Portugal não reconhecerá idoneidade, depois de a Procuradoria-Geral da República ter confirmado, no início da semana, que está a investigar operações do banco angolano do grupo Montepio Geral que indiciam branqueamento de capitais. Às investigações da PGR juntam-se as desconfianças do banco central em relação a um administrador de um banco onde as inspecções do supervisor têm detectado várias irregularidades. O banco central entende que, embora possa não estar directamente relacionado com essas operações e irregularidades, Luís Almeida estava obrigado a comunicá-las ao regulador. Pelas mesmas razões, João Cunha Neves, que além do Finibanco Angola é também um dos actuais administradores da Caixa Económica Montepio Geral. Além da ligação ao Finibanco Angola, ambos os gestores são próximos do ainda presidente, Tomás Correia, o que agrava as desconfianças do banco central.
Fernando Santo, secretário de Estado da ministra Paula Teixeira da Cruz, entretanto nomeado administrador da empresa do Montepio que gere os imóveis do grupo, é outro dos nomes que levanta objecções, dada a sua inexperiência no sector bancário. Em relação a este antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, o Banco de Portugal poderá aceitar a sua nomeação para um cargo de secretário-geral, por um período de dois anos, podendo depois subir a administrador. Uma solução que o banco central já experimentou, com sucesso, com o antigo presidente do AICEP, Pedro Reis, que está como secretário-geral do Millennium bcp.
Na próxima semana serão formalizadas mais denúncias junto da Procuradoria-Geral da República e do Banco de Portugal sobre actos de gestão do actual Conselho de Administração da Caixa Económica Montepio Geral, ainda presidido por Tomás Correia, soube o CONFIDENCIAL. As novas denúncias e a audiência no Banco de Portugal, do grupo de associados do Montepio Geral “Salvem o Pelicano”, poderão levar à abertura de novos inquéritos e afastar definitivamente qualquer solução para a CEMG, que seja de iniciativa ou apadrinhada por Tomás Correia.