O cenário de intervenção do Banco de Portugal na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) é cada vez mais provável, depois do ainda presidente, Tomás Correia, ter decidido divulgar a sua proposta de lista de nomes para o novo Conselho de Administração Executivo, com alguns nomes a quem o banco central poderá vir a não reconhecer idoneidade ou experiência para o cargo. O Banco de Portugal também não gostou de ver na lista nomes próximos de Tomás Correia, que o banco central quer ver afastado da gestão da CEMG.
A lista é presidida por José Félix Morgado, que se encontra de férias até ao final do mês e que trará dois elementos da sua confiança, vindo os restantes, que foram escolhidos e são da confiança pessoal de Tomás Correia, da actual estrutura do Montepio Geral.
Do Montepio vêm Luís Almeida, administrador do Finibanco Angola (que está sob investigação das autoridades portuguesas) e João da Cunha Neves (o único da actual equipa de administração a quem o Banco de Portugal garantiu a idoneidade). Fernando Santo, antigo bastonário da Ordem os Engenheiros e Secretário de Estado da ministra Paula Teixeira da Cruz, entretanto nomeado administrador da empresa do Montepio que gere os imóveis do grupo (mas sem qualquer experiência bancária), é outro dos nomes da lista de Tomás Correia. José Félix Morgado traz o seu antigo colega do Millennium bcp João Lopes Raimundo, um banqueiro com larga experiência ex-bcp investimento, e Jorge Pinto Bravo, COO da Inapa. O Conselho de Administração Executivo integra ainda Luís de Jesus
Na semana passada, o Banco de Portugal avisou Tomás Correia que não poderia validar uma primeira lista, da qual constavam os nomes dos actuais administradores Paulo Magalhães, Barros Luís e Pedro Ribeiro, por não lhes poder garantir idoneidade, depois de detectadas irregularidades na gestão da CEMG.
A divulgação da lista e o facto de metade dos nomes serem próximos de Tomás Correia, causou um grande desconforto no Conselho Geral do Montepio e grande irritação no Banco de Portugal.
As notícias sobre a investigação e a detecção de uma série de irregularidades nas operações de financiamento da CEMG a alguns dos seus accionistas, através do Finibanco Angola, agravaram ainda mais a situação de Tomás Correia.