Presidenciais à direita

Considerando que o primeiro-ministro está a fazer o impossível, ao apresentar-se como o homem da austeridade e depois o candidato da esperança que vai recuperar o País, Pedro Santana Lopes esta semana esteve na SIC-Notícias a analisar a entrevista de Passos Coelho e  colocou-se na mira de fogo dos passistas que consideram que o Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa estaria a criar ruído em plena pré-campanha eleitoral.

Esta situação, consideram, até faria sentido por quanto estando Passos Coelho aparentemente entendido com Rui Rio, para o apoio do PSD à sua candidatura presidencial, e mantendo Santana Lopes a intenção de ser candidato, o ataque à actual cúpula do partido permitiria um distanciamento ao social democrata, o que lhe daria  espaço para uma candidatura independente ao centro, que poderia recolher os votos de Maria de Belém Roseira, que Sampaio de Nóvoa nunca conseguirá ter, e deixando ao candidato Rui Rio o discurso nacionalista de extrema direita.

Aliás, como recentemente comentou Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes sempre preferiu ter um candidato à sua direita para poder estar mais à vontade ao centro.

Por seu lado, o professor de Direito também não desistiu da corrida presidencial, considerando meios que lhe são próximos que, no final. o PSD escolherá o candidato melhor colocado nas sondagens, e que não é o líder regional Rui Rio, nem o Provedor da Santa Casa de Misericórdia, Santana Lopes.

Sem estar na corrida, porém, Pedro Santana Lopes tem visto a sua posição nas sondagens a melhorar, indo buscar votos até ao PCP, ainda que no eleitorado de direita seja uma escolha ainda abaixo de Marcelo Rebelo de Sousa, mas com a distância agora mais reduzida (17% para 24%).

A demarcação de Pedro Santana Lopes do discurso do actual primeiro-ministro, neste contexto, pode ser crítica para o sucesso da sua eventual candidatura a Belém, até porque o centro direita só ganhará as eleições presidenciais se o seu candidato conseguir entrar na esquerda.

A questão Europeia, e em particular a questão grega, tem servido aliás para os candidatos se reposicionarem relativamente à ortodoxia de Passos Coelho, piscando o olho à esquerda e dando eco à opção emocional dos portugueses contra a germanização da Europa.

Aliás o excesso com que o ministro das Finanças alemão tratou a questão grega pode ter sido a machadada final no prestigio alemão dentro da União Europeia e representar mesmo o começo do declínio da sua influência hegemónica, o que deixará a direita germanófila portuguesa (leia-se Passos Coelho e Paulo Portas) em situação pouco confortável.