Fraude na Laureate leva a demissão de Clinton e põe Maria de Belém em cheque

Bill Clinton demitiu-se da liderança da Laureate, depois de uma investigação do Senado americano ter identificado na corporação universitária privada americana um novo esquema de financiamento fraudulento, equivalente ao do Subprime, que conduziu à crise de

2008/9.

A fraude é de mais de um trilião e meio de dólares americanos (superior ao montante com o financiamento dos estudantes com crédito bancário garantido pelo Tesouro americano). As universidades inscreviam ex-combatentes, loucos e incapacitados que, depois dos quatro anos, não obtinham o diploma e que pagavam com crédito bancário avalizado pelo Estado americano e organizado pelas próprias universidades e angariadores comerciais.

(Ver relatório do Senado em http://www.help.senate.gov/imo/media/for_profit_report/Contents.pdf).

A denúncia desta fraude tornou as universidades comerciais (os McDonald’s do ensino superior) tóxicas na actual campanha das presidenciais americanas, tendo Hillary Clinton sido confrontada duas vezes com as relações do marido com estas instituições ligadas à fraude financeira com créditos bancários a estudantes.

Em Portugal, a Laureate comprou o ISLA a João Atanásio, que, depois disso, foi para chefe de Gabinete do actual secretário de Estado do Ensino Superior. Este governante passou o ISLA a Universidade (Universidade Europeia), três dias depois da aprovação, por parte da administração da A3ES, de dois doutoramentos, contra parecer da comissão de avaliação técnica e científica.

Depois desta aprovação, João Atanásio demitiu-se da Secretaria de Estado do

Ensino Superior e passou a integrar a Universidade Europeia, violando as mais rudimentares regras de incompatibilidade e práticas de combate à corrupção.

 

Maria de Belém em causa e Laureate compra Lusíada

Em Portugal, a Laureate foi buscar Maria de Belém, a possível candidata do PS às eleições presidenciais. Tal como a posição desconfortável de Clinton, Maria de Belém pode vir a ser responsabilizada politicamente pela cobertura que tem dado a estes processos menos transparentes.

A Universidade Europeia, absolutamente alavancada em crédito (a Laureate viu o seu rating passar a especulativo pela Moodys), deverá anunciar nos próximos dias a compra da Universidade Lusíada, depois de ter comprado em Portugal o instituto universitário IADE. A Lusíada deverá ser adquirida à família de Martins da Cruz, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Durão Barroso, basicamente pelo seu passivo.

A Universidade Europeia está ilegalmente a atribuir dois diplomas por quatro anos de ensino, o que, do ponto de vista comercial, parece resultar. Por exemplo, quem se licenciar em Direito pode obter também ao mesmo tempo a licenciatura em Recursos Humanos. No sentido de facilitar estas universidades McDonald’s, o secretário de Estado do Ensino Superior tem para publicação o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (revogando a Lei n.º 62/2007), em que já não vai ser necessário haver centros de investigação para se homologarem licenciaturas nas universidades. Este novo regime ainda foi elaborado por João Atanásio, o antigo dono do ISLA que foi chefe de gabinete do secretário de Estado do Ensino Superior, e que transformou o ISLA na Universidade Europeia e que está agora na administração da Universidade Europeia.