O projecto de constituição de uma holding para as operações internacionais do grupo CGD continua em stand by, à espera de aprovação da tutela. O CONFIDENCIAL sabe que não há qualquer problema com a aprovação, embora o Ministério das Finanças queira articular o arranque da holding do banco público com as operações de outras instituições financeiras públicas de apoio às empresas e à internacionalização, nomeadamente a SOFID e a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), mais conhecida por Banco de Fomento. A constituição da holding internacional foi, aliás, o motivo pelo qual a actual administração da CGD sempre resistiu à imposição da troika, que exigia a venda de alguns negócios internacionais, nomeadamente em Espanha, como contrapartida dos apoios concedidos pelo Estado, ao abrigo da linha de capitalização da banca.
A criação da holding internacional implicará a utilização de uma mesma marca em todos os 23 países onde o grupo está presente. Segundo disseram ao CONFIDENCIAL, o grupo passará a utilizar em todo o mundo a marca CGD. A opção de usar a marca Caixa foi abandonada, por não poder ser utilizada em Espanha e no Brasil, dois mercados estratégicos para a internacionalização da CGD e onde existem bancos locais com nomes parecidos (La Caixa e Caixa Económica Federal, respectivamente). Além disso, o nome Caixa tem pouco significado nos mercados anglo-saxónicos e do Centro da Europa, como a Bélgica, a Alemanha ou a Suíça, importantes parceiros comerciais de Portugal, onde a CGD tem escritórios de representação. O grupo Caixa tem presença física em 23 países, na Europa, África, América e Ásia. Em Espanha, a CGD opera como Banco Caixa Geral, com uma rede de 110 agências e escritórios de representação no México, Venezuela e Suíça. É a mais importante operação do grupo no exterior, datando do início dos anos 90, quando a CGD adquiriu o Banco Siméon, o Banco de Extremadura e o Chase Manhattan Bank España (posteriormente baptizado como Banco Luso Español). A CGD tem também sucursais em Londres e no Luxemburgo (onde, além da sede, tem três agências), em França (46 agências) e em Madrid. Em África, está presente na África do Sul, onde o Mercantile Bank tem uma rede de cerca de 15 agências na região de Joanesburgo e desenvolve actividade de banca universal. Em Angola, o Banco Caixa Geral Totta de Angola é controlado a 51% pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Banco Santander Totta, por intermédio de uma sociedade holding de direito português, a Partang. Os restantes 49% do capital são da Sonangol (25%) e dos empresários António Mosquito e Jaime de Freitas (12 % cada). Em Cabo Verde, o Banco Interatlântico está em terceiro lugar no ranking da banca no país, com uma rede de oito agências nas ilhas da Santiago, Sal, Boavista e São Vicente. A CGD tem 70% do capital, tendo como parceiros investidores locais. Também em Cabo Verde, a CGD controla, através do Banco Interatlântico, a maioria do capital do Banco Comercial do Atlântico (Cabo Verde), o principal banco comercial do país, presente em todas as ilhas do arquipélago, com uma rede de 32 agências e uma quota de mercado superior a 50%. A CGD controla também o Banco Internacional de S. Tomé e Príncipe (BISTP) e o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), em Moçambique, com uma rede 120 agências, onde a sub-holding Caixa Internacional SGPS tem como parceiros o grupo BPI e o grupo moçambicano Insitec. Ainda no universo da CPLP, está a sucursal CGD em Timor-Leste.
Na América, a CGD detém o Banco Caixa Geral – Brasil, um escritório de representação em Toronto (Canadá), e sucursais nas ilhas Caimão, em Caracas (Venezuela) e EUA. Finalmente, na Ásia, o grupo conta o Banco Nacional Ultramarino (BNU em Macau), sucursais CGD na China, em Zuhai e Macau, e escritórios de representação na Índia, em Mumbai e Pangim (Goa).