A inspecção permanente (SIP) que o Banco de Portugal mantém na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), no âmbito da sua função de supervisão, detectou graves irregularidades no financiamento a empresa do Grupo Espírito Santo, no primeiro semestre do ano passado quando já eram conhecidos os problemas que levariam ao colapso da Rio Forte e do BES, e no financiamento a clientes do Montepio Geral, para que se tornassem sócios do Fundo de Capitalização da própria Caixa Económica. As operações em causa, que ainda não foram explicadas, são a razão por que o governador Carlos Costa recusará a idoneidade à actual equipa de gestão da CEMG e porque o então administrador Álvaro Dâmaso, optou por se demitir, antes mesmo de assinar as contas referentes ao primeiro semestre do ano passado.
Da actual equipa de gestão da CEMG, João Neves é o único que manterá a idoneidade e portanto o único que poderá manter-se em funções. Essa é a razão por que Tomás Correia foi forçado a abandonar a presidência da CEMG. Os resultados da inspecção só serão divulgados depois da saída de Tomás Correia, mas o CONFIDENCIAL sabe que o sócio angolano irregularmente financiado é Paulo Guilherme, filho do construtor José Guilherme, o mesmo que deu um presente de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado. Paulo Guilherme é sócio em vários negócios em Angola de Pedro Flores Correia, filho de Tomás Correia.
Quanto aos financiamentos ao GES/BES, os inspectores do banco central querem saber que razões levaram os administradores a financiarem em 60 milhões de euros a Espírito Santo Hotéis, participada da holding Rio Forte, no início de Março, quando já era conhecido o risco de default do GES. Ainda mais estranho foi o financiamento de 30 milhões à própria Rio Forte, no início de Junho, que elevou a exposição total do Montepio ao GES, em seis meses, de 60 para 150 milhões de euros. Os inspectores suspeitam que por detrás operações estará o pagamento de comissões de subscrição. Mais detalhes na próxima semana.