Se não lhe for apresentada uma equipa de gestão independentes, Carlos Costa poderá avançar com uma solução desenhada no Banco de Portugal, à semelhança do que aconteceu com Vítor Bento no BES. O Governador quer uma nova administração com liberdade para investigar todos os cantos da CEMG, sobretudo aqueles que lhe levantam maiores suspeitas e que estão já listados numa segunda auditoria, cujos contornos são bem mais delicados para Tomás Correia e os seus colegas de administração.
A solução que será proposta pelo Banco de Portugal terá quadros internos e nomes externos e Costa Pinto é uma hipótese muito forte para ocupar a presidência.
Costa Pinto e Tomás Correia não gostam um do outro, desde os tempos em que o primeiro estava ainda na liderança da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM). Em 2012, antes do fecho das contas da CEMG o Montepio colocou uma série de imóveis que tinha em carteira num fundo gerido pelo Square Asset Management, que geria também os fundos imobiliários do Crédito Agrícola. Os imóveis foram colocados por um preço acima do seu valor de mercado, o que permitiu ao Montepio fechar o exercício com resultados positivos, ainda que marginais.
A CMVM e o Banco de Portugal contestaram a operação, e Costa Pinto propôs a Tomás Correia a reversão do negócio. Mas o presidente do Montepio recusou. Costa Pinto acabou por ser afastado da administração do Crédito Agrícola, por pressão das caixas agrícolas associadas, que também queriam colocar imóveis nos fundos e que sempre viram essa pretensão recusada pelo presidente da CCCAM. Costa Pinto, quadro do Banco de Portugal, acabaria por regressar ao banco central, onde é hoje um dos três memtros do Conselho de Auditoria.